terça-feira, 24 de março de 2009

14º dia: Como um eunuco no harém

Formatura é uma coisa linda. Música, muita gente feliz, alegria e comida. E bebida. Muita bebida. Formaturas são, geralmente, o paraíso do pessoal etílico, já que sempre costuma rolar um open bar para a alegria da moçada. Para quem não bebe, também tem água e refrigerante à vontade. E Coca.

Foi para ir à formatura de uma velha amiga da minha namorada que visitei sua cidade natal, Santa Izabel do Oeste, bem no interior do Paraná. De Curitiba até a cidade são cerca de 8h de ônibus e, como a formatura foi em outra cidade - Cascavel -, foi mais uma hora de carro até chegar lá, totalizando cerca de 9h de viagem para chegar em um lugar com Coca grátis all night e ter de se contentar com uma garrafa de água, que ainda tinha um gosto duvidoso.

Era incrivelmente deprimente estar lá, no meio da tentação, e não poder fazer nada. Naquela noite me senti como um novo-eunuco no meio de um harém, olhando aquilo que ama e não poder tocar. Ou um viciado em cocaína fazendo pacotinhos da droga. E olhe que estamos praticamente falando do mesmo composto químico.

Como se não bastasse a tristeza de não poder beber, a mesa da formando tinha de ser exatamente ao lado de onde os refrigerantes eram guardados em grandes recipientes com gelo. Estava ali, esperando que alguém chegasse com seu copo e matasse sua sede e sua vontade. E, como desgraça pouca é bobagem, às vezes aparecia um garçom e enchia uma jarra prateada com aquele líquido negro e vinha me oferecer. "Coca-Cola, senhor?". Não, obrigado. Estou satisfeito com minha água sem gás.

Estar em um lugar que tem tudo aquilo que você deseja e não poder desfrutar nem um pouco sequer é tortura. Tenho certeza de que o Inferno se parece com o Céu.

Um comentário: