sábado, 28 de março de 2009

19º Dia: Um pouco da história de todos nós

Numa cidade não muito grande, no centro de um país morava um garoto. Ele se chamava Hélio Caetano Eagleton. E é a história dele que contaremos hoje: Hélio morava com seus pais e era muito amado por sua família. Seu problema mesmo eram seus colegas de escola, pois estes não perdoavam o fato de que Hélio não se enquadrava nos padrões que eles exigiam. Ah, maldita ditadura da estética. O maior problema de Hélio era o seu peso: não que o excesso de peso lhe causasse algum mal estar físico, problemas de coração, etc., mas seus colegas não hesitavam em lhe dar os piores apelidos, aqueles malvados mesmo. E principalmente não perdoavam seus protuberantes mamilos. "Aposto que você pode usar eles de travesseiro", "Você faz queijo aí embaixo?" eram coisas que Hélio costumava ouvir.
Durante as excruciantes horas escolares, Hélio só tinha um consolo: a hora do lanche, porque era nessa hora que Hélio fazia aquilo que lhe dava mais prazer na vida: tomar uma maravilhosa, geladinha, voluptuosa, arrepiante, garrafa de 1 Litro de Coca-Cola. Essa garrafa era seu ticket para um mundo imaginário e feliz em que tudo era regido por ele, as pessoas o amavam e ele não era "o blob".
Depois de muito reclamar para seus pais do freqüente bullying sofrido na Escola, seus pais finalmente tomaram uma atitude: Decidiram que Hélio entraria numa dieta rigorosa, refeições com horário predeterminado, sem comidas gordurosas, muita salada e frutas. Decidiram também que ele começaria a fazer exercícios: natação 3 vezes por semana, basquete aos sábados e que ele iria e voltaria todos os dias de bicicleta para a escola. A princípio estava tudo OK para Hélio. Apesar de não ser um modelo de força de vontade, Hélio queria muito ser aceito pela sociedade (que tristeza não, caro leitor) e decidiu aceitar. A única coisa que Hélio não quis aceitar foi ficar sem o Líquido que governa até o Um Anel. Mas a imposição de seus pais foi implacável, e até mesmo a esse sacrifício Hélio teve que se submeter.
As coisas realmente pareciam que iam dar certo, Hélio emagrecia a olhos vistos e como num passe de mágica, aos poucos, as pessoas vinham falar com ele no colégio. Tudo parecia ótimo, e por um breve momento Hélio soube o que era ser popular. Mas como nós estamos mostrando, ficar sem Coca-Cola tem seu preço. A taxa de emagrecimento de Hélio não dava mostras de que ia parar e em pouco tempo Hélio estava fernandatorresmente magro e terrivelmente branco (uma garrafa de Coca às avessas). Novos apelidos surgiam ("Skullomania", "Cranicola"), mas dessa vez não era apenas a integridade moral de Hélio que estava sendo afetada, mas a física também. Hélio estava anêmico e contraia várias doenças ao mesmo tempo. Seus pais mandaram-no para vários nutricionistas e fizeram-no tentar várias dietas para reganhar peso. Mas nada adiantava, porque o que faltava na vida de Hélio, não era comida, era o néctar dos Deuses. A nossa Coca-Cola. Era isso que Hélio queria, mesmo sem saber, pois era jovem e ingênuo.

Por ser um pouco da história de nós, homens comuns, a história termina aí. Sem desfecho decisivo. Decida você qual será o final da sua história. Qual é a sua vibe?

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