sábado, 14 de março de 2009

5º dia: Monotonia 40°

Ainda é o quinto dia de minha cruzada sem Coca e já estou sofrendo. Estou prestes a completar 100 horas sem colocar uma gota sequer de refrigerante em minha boca. E já demonstro sinais de crise de abstinência, principalmente neste calor infernal. Não sei a quantos graus o mundo queima lá fora, mas dentro deste quarto, com o ventilador na minha cara, anseio por algo gelado, saboroso, doce e gaseificado. Quero Coca-Cola, mas tenho de me manter firme.

Até mesmo minha mãe, eterna combatente da felicidade engarrafada, faz pouco da minha infelicidade. Provoca-me para saber até onde minha determinação vai: a Coca, que antes estava escondida atrás de geladeira, está estupidamente gelada lá dentro. Com esse calor, torna-se ainda mais difícil não sentir-se tentado a cair no pecado.

Nada é mais triste do que um dia quente - deve estar quase uns 40° - e sem aquela Coca malandrinha pra te fazer esquecer do inferno chamejante que está fora de minha bolha. Pior ainda é fazerem um churrasco e você ter de se contentar com um suco de maracujá. Que tipo de churrasco é esse em que não tem refrigerante? Me nego a chamar isso de churrasco! Não há alegria, não há felicidade.

Outra coisa que eu adorava fazer era comprar um Pipoteca - outro daqueles salgadinhos vagabundos -, acompanhado de uma Coca, e ficar vendo TV à tarde toda. Um terror para o organismo, mas uma delícia. Com um pouco mais de dois reais eu era feliz.

Os dias agora passam mais devagar. Cada minuto é uma tortura e os segundos se arrastam com a velocidade de quem está morrendo. Tenho aqui ao meu lado um pacote de Pipoteca e uma garrafinha de água. Nada mais triste, sabendo que tem uma Coca na geladeira me seduzindo, pedindo para eu cair na tentação. Restam 35 dias de caminhada sobre cacos de vidros de uma garrafa de Coca-Cola em um deserto. À minha frente, tristeza.

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