sexta-feira, 13 de março de 2009

4º dia: Tentação, Impotência, AIDS e outras histórias

Voltar para a casa dos meus pais sempre é sinônimo de festa. E festa sempre rima com Coca, assim como alegria, felicidade e prazer. Por mais que minha mãe não aprove meu vício, sempre encontro uma linda garrafa me esperando.

Sabendo que comprariam aquilo que me comprometi a não beber, liguei com alguns dias de antecedência para contar a minha cruzada e ouço um “Ah, mas eu já comprei”. Sugeri que bebessem antes da minha chegada, mas ela me disse que iria “esconder a garrafa”. É óbvio que isso não daria certo.

A cidade onde eles moram, Antonina, é incrivelmente quente. Um calor absurdo que vem de todos os lugares: do chão, das paredes, das árvores, do ventilador. Exceto daquela garrafa escondida atrás da geladeira. O Diabo nos tenta de diversas formas, e uma delas é colocar na cabeça de nossas mães a idéia de merda de esconder uma garrafa de Coca atrás da geladeira em um dia em que o próprio Inferno subiu à terra. Será que ela, como fumante, não imaginou que eu estaria na fase do desespero, quase bebendo óleo diesel e chamando de Coca? Será que não passou pela cabeça dela o quanto eu sofreria vendo aquela garrafa ali atrás? Não, afinal ela colocou a porra da Coca ali, do lado do único lugar fresco de toda essa casa. Por sorte, aguentei a tentação. Mais pelo fato da Coca estar quente do que pela minha força de vontade.

Mas apesar de tudo, ela tentou me apoiar nesse longo período Coke-free. Da sua maneira, mas tentou. Começou a dizer que Coca faz mal e todo aquele papo que todo mundo conhece, quando soltou a maior pérola do dia: “Coca deixa broxa”. Nesta hora parei tudo o que estava fazendo e fui ouvi-la discursar. “Vi numa reportagem na Record! Dizia que quem toma Coca demais fica broxa! Cuidado, hein?”. Perguntei qual o embasamento científico daquilo, mas ela não sabia o que era isso, então decidi optar para Google. 

Entre diversas advertências de que cocaína causava impotência, um cara em um fórum me chamou a atenção porque dizia que sua avó afirmava que Coca dava AIDS. Caralho, isso é genial! Quem precisa de embasamento científico para o fato de Coca deixar broxa quando uma anciã simplesmente descobre essa porra dá AIDS! E assim se elucida o mistério de como a doença se espalhou pelo mundo. Agora temo pelos meus 4 anos de orgias de Coca-Cola nos mercados e botecos de Curitiba. Temo pelo dia em que eu vá fazer um exame de sangue e o médico olhe para mim com pena e diga: “Filho, você usa drogas? É gay? Sexo sem camisinha?” e eu responderei com um sincero não, então me olhará severamente e dirá em um tom áspero, como quem condena: “Coca-Cola. Sempre ela.” Sim, sempre ela. Uma vez li em um cinzeiro que “Você vai morrer de algo que você gosta”, e eu já sei do que morrerei: de felicidade, com uma Coca-Cola gelada. Sempre ela.

2 comentários:

  1. Eu também estou disposto a morrer pela Coca,qual um Nicolas Cage no filme "Despedida em Las Vegas".
    E o cinzeiro se eu não me engano é dos "Malvados".

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  2. Coca cola gelada odeio coca cola gelado com limao fatiado ai que delicia mas eu odeio, num calor incessante coca cola, coca cola, ooococa cola.

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